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Nacional
Terça - 07 de Janeiro de 2014 às 11:47

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 Lideranças indígenas da etnia Tenharim disseram na segunda-feira (6) que o pedágio mantido desde 2006 na reserva, localizada no Sul do Amazonas, voltará a ser cobrado. Eles alegam que a taxa de passagem pela Rodovia Transamazônica (BR-230), que corta a comunidade, é "uma compensação por uso de terra indígena" e uma das únicas formas de sustento da aldeia Marmelo. A cobrança aos motoristas que trafegam pela estrada havia sido suspensa após protestos no dia 27 de dezembro, quando madeireiros e fazendeiros atearam fogo em instalações dos Tenharim.
 
Os indígenas se pronunciaram durante visita da comitiva do comandante-geral do Exército na Amazônia, general Villas Bôas, do procurador do Ministério Público do Amazonas, José Roque, e de outros oficiais do Exército. Também estiveram presentes na reunião as lideranças das etnias Jiahui e Matuí.
 
O cacique Aurélio Tenharim disse que a cobrança, porém, não compensará a morte de quase toda a sua etnia durante a construção da Transamazônica, que reduziu o número de habitantes de 30 mil índios para os atuais 800 que vivem na aldeia. Apesar disso, segundo o líder indígena, essa é uma forma de sustento.
"O governo não leva a sério as nossas necessidades. Enquanto não houver diálogo, não tem opção, o pedágio continua", ressaltou.
 
O entreposto do pedágio tem data para ser reconstruído. A partir desta sexta-feira (10), a cancela que impede a passagem começará a ser fabricada, e a cobrança retorna a partir do dia 1° de fevereiro, segundo as lideranças da tribo.
 
O líder Zelito Tenharim destacou que as leis indigenistas e as normas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) não favorecem a autonomia indígena.
 
"O índio não pode plantar, não pode vender, não pode produzir artesanato. Todo projeto sustentável que tentamos implantar na aldeia é barrado. Em contrapartida, o governo também não oferece projetos viáveis. O corpo indigenista está ultrapassado. Fica difícil", afirmou.
 
Outros projetos
O general Villas Bôas tentou explicar aos Tenharim, porém, que este não é o melhor momento para a cobrança recomeçar.
 
"Neste momento, a principal preocupação é pacificar a região. Pensando nisso, a reconstrução do pedágio agravaria ainda mais a situação, visto que os moradores do entorno não aceitam a situação. Sabemos que a cobrança é importante para a aldeia, mas temos que pensar em projetos" para dar sustentabilidade a longo prazo aos habitantes, ressaltou.
 
Durante a visita da comitiva à aldeia, em nenhum momento foi citada a situação que deu início a tensão instalada no Sul do Amazonas, após o desaparecimento de três homens que viajavam pela BR-230 e foram vistos pela última vez próximo ao pedágio dos Tenharim. A população local e os moradores de Humaitá e de Santo Antônio do Matupi acusam os índios pelo sumiço do trio.




Fonte: G1

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