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Tânia Melo*
Domingo - 02 de Agosto de 2015 às 20:00
Por: TÂNIA NARA MELO

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Quem ama, não mata. Ou mata? Pelo menos não deveria, jamais. A dura realidade das estatísticas nos mostra que em muitos casos ‘quem ama, mata’.


Não se mata por amor, é verdade; mata-se, sim, por vingança, machismo, ciúmes e outros motivos torpes que não se enquadram como amor. E as vítimas são em sua maioria esmagadora as mulheres e os agressores são maridos, namorados, companheiros...

Não há um dia sequer que os jornais e os noticiários de TV não tenham relatos de casos de mulheres que têm suas vidas ceifadas por quem lhes prometeu amor. E essas vítimas são cada vez mais jovens.

Casos recentes mostram meninas de 14, 15, 16 anos mortas pelos namorados, tendo como principal motivo o ciúme.

Essa semana, uma garota de 15 anos foi enforcada pelo namorado porque ele não aceitava a viagem dela com as irmãs. E assim como ela, muitas outras adolescentes estão sendo vítimas da violência de seus parceiros. Quem ama, mata!


"Casos recentes mostram meninas de 14, 15, 16 anos mortas pelos namorados, tendo como principal motivo o ciúme"



O histórico das mulheres vítimas da violência doméstica tem na maior parte das vezes algo em comum: uma rotina de maus-tratos e humilhações praticada por seus agressores, que muitas relevam por acreditar que são fatos passageiros, e outras não denunciam por temor às suas vidas.



O que começa com uma simples discussão vai se intensificando até culminar com a agressão fatal, principalmente quando a vítima resolve abandonar o agressor que não admite que ela se liberte do cativeiro, da vida de pesadelo. É o machismo arraigado que predomina, o sentimento de posse que dá direito sobre a vida do outro. Depois da vida ceifada, justifica: matou por amor.



A impunidade ainda é um grande obstáculo a ser vencido no combate à violência contra as mulheres.



Embora a Lei Maria da Penha, promulgada há quase nove anos, seja de grande ajuda para melhorar o índice de denúncias - desde que foi criada, cada vez mais as mulheres estão denunciando seus agressores buscando por Justiça - ainda assim parece haver uma barreira que impede um avanço maior para penalizar aqueles que cometem este tipo de violência.



O Judiciário ainda processa os casos com muita lentidão e há também muito machismo e preconceito entre delegados e juízes, que tendem a classificar a violência contra a mulher como um assunto de foro íntimo, relegado a um segundo plano diante de outras questões.



Precisamos mudar esse quadro com urgência, fazer valer a lei contra os agressores. O número de assassinatos de mulheres no país ainda é alto e isso mostra que a impunidade continua prevalecendo.



É preciso mudar essa cultura machista, que faz com que sociedade encare a vítima como culpada, como se merecesse ser agredida.



Quem ama definitivamente não mata, não maltrata. E mais: bater em mulher é crime.



TÂNIA NARA MELO é editora de Opinião do jornal Diário de Cuiabá.



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