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Opinião
Sexta - 17 de Junho de 2011 às 16:25
Por: Lourembergue Alves

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Volta e meia, aparece uma palavra nova, cuja magia domina o discurso governamental e o da oposição. Todos são movidos pela onda do modismo. Capaz – há quem diga - de “impulsionar” a administração pública do país. Assim, ontem, era o pacto, que servia para quase tudo, sem resolver coisa alguma; e, hoje, tal termo foi substituído pelo Conselho Político. Este se encontra, inclusive, em agremiações partidárias. Tanto quanto nos governos municipais, estaduais e federal. 
 Esse tipo de conselho tem a tarefa de opinar, trazer para o gestor as críticas, debater as dificuldades da administração e possíveis soluções. Aliás, soube-se que, recentemente, a presidente Dilma coordenou uma reunião com os integrantes de seu conselho. A voz, no entanto, que de fato chega aos seus ouvidos – com eco bastante - é a do antecessor. Inclusive nos momentos de crise, como o do caso Palocci. Até para acalmar os ânimos da base aliada. Em revoada por cargos e benesses. 
 
Quadro que se estende nas fotografias regionais. Nesse aspecto, Mato Grosso não é a exceção. Nem deveria, uma vez que as brigas por cargos marcam os encontros entre os membros do grupo governista. Em seu último encontro isso ficou bastante claro. Situação que só foi amenizado quando alguém sugeriu a criação do dito Conselho Político. Por meio do qual, argumentou-se, o governador poderá compartilhar questões políticas e de ordem administrativa, além de receber de volta, informações ou juízos de valor. 
 
Trata-se, sem dúvida, de um espaço extraordinário. Mas, nem mesmo nele, as vozes terão iguais pesos. As dos partidos pequenos sempre serão abafadas pelas que veem das siglas maiores. Daí os limites inibidores. Estes tendem a ser realçados à medida que os interesses coronelísticos não sejam atendidos.
 
Desse modo, o conselho – criado para ajudar o governador – transformará em local de confrontos de vontades alheias às da população. Assim, a interatividade positiva para a gestão perde-se no vazio de vozes que se dissociam, e, ao entrechocarem, desaparecem por inteiras. Pois lhes faltam discursos e projetos, e, ausências destes, fortalecem o poder de barganha do PMDB, sempre ladeado pelo PP e PSD.
 Tem-se, assim, a gestão dos três sozinhos. Nucleada. Como no governo passado, quando o chefe do Executivo estadual recebia frequentemente três lideranças: a do governo, a do seu partido e a da sigla com maior força no Parlamento regional.  
 
De todo modo, no entanto, o governador se distancia da população. Pode até sentir-se blindado. Porém, deixa de ouvir os questionamentos advindos das ruas e praças. Aliás, como é nítido o pouco caso que se faz a respeito de tudo que vem do povo. A exemplo do que se viu bem recente, na prefeitura de Cuiabá, a despeito da instalação do conselho de ex-prefeitos. Criação sem serventia alguma. Resultado repetido com os encontros esporádicos entre o governo republicano e os integrantes do “Senadinho”.
 Assim, o Conselho Político nada trará de benefícios a administração pública mato-grossense.                 

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br
 


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