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Cidades
Quinta - 20 de Novembro de 2014 às 23:55
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

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O garoto de 15 anos, cuja família diz que foi espancado por cerca de 30 torcedores do Goiás Esporte Clube logo após fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prestou depoimento à Polícia Civil nesta quinta-feira (20), em Goiânia. Ainda com marcas da agressão e caminhando com dificuldade, ele afirmou, logo após ser ouvido, que não consegue entender porque foi vítima de uma ação tão violenta.

“Não tem explicação, imagino que [foi] pura maldade, [eles] queriam zuar, fazer alguma coisa e fizeram. Mas eu não tinha noção de que isso ia acontecer porque eu já tinha pego ônibus com a Força [Jovem, torcida organizada do Goiás], para mim isso era normal. Não tem explicação", disse.

O adolescente ficou internado por sete dias, sendo cinco em uma Uniadade de Terapia Intensiva (UTI). Por causa das lesões, o garoto teve parte do cabelo raspado, levou mais de 30 pontos na cabeça e ainda tem hematomas nos braços. Além disso, seu cérebro ainda não desinchou completamente.

Segundo a delegada Renata Vieira, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e responsável pelo caso, nove pessoas já foram ouvidas, sendo duas testemunhas que viram o rapaz caído no chão e ajudaram a socorrê-lo, quatro integrantes de uma torcida organizada do Goiás, além do próprio garoto e seus pais. Na sexta-feira (21), está previsto o depoimento do motorista do ônibus.

Ela tenta agora uma pessoa que estava dentro do ônibus para ajudar no esclarecimento do caso. "Precisamos da participação da sociedade para poder finalizar essa investigação localizando a autoria certa de quem possa ter agredido essa vítima", afirma.

'Pura maldade', diz garoto espancado após fazer o Enem em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Adolescente ainda tem pontos na cabeça e teve que rapar parte do cabelo (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Para a delegada, nada justifica a brutalidade com que o rapaz foi espancado. Por isso, ela estuda a possibilidade de indiciar os responsáveis por crimes contra a vida. "[Foi uma] agressão gratuita e com certeza muito grave. Nós estamos tentando apurar e comprovar a possibilidade de um crime de tentativa de homicídio ou de latrocínio", pontua.

Violência
O espancamento ocorreu no último dia 9, depois que o garoto saiu de uma faculdade na Avenida T-2, no Setor Bueno, onde fez a prova do Enem como treineiro. Em seguida, ele pegou um ônibus até a Vila Brasília, onde embarcou em outro coletivo, da linha 020, com destino ao Terminal Isidória, onde iria encontra a mãe, a funcionária pública Geyzebel de Melo.

"Íamos para a igreja, mas no meio do caminho ficamos sabendo que ele tinha sofrido um acidente. Corremos para lá e o encontramos sendo socorrido por populares, todo ensanguentado”, relatou.

Imagem mostra garoto logo após agressões, em Goiás (Foto: Arquivo pessoal)Menor ficou sete dias interadno em hospital
(Foto: Arquivo pessoal)

Testemunhas relataram aos pais que cerca de 30 pessoas, que usavam camisas do time goiano e seguiam para a partida do Goiás contra o Bahia, pela Série A do Campeonato Brasileiro, no Estádio Serra Dourada, atacaram o menor dentro do ônibus. Eles o empurraram para fora do coletivo e, quando ele estava caído na rua, ainda o agrediram com socos e pauladas. O celular do estudante também foi roubado.

Memória
Na terça-feira (18), Geyzebel afirmou que o filho já estava recuperando a memória. Segundo ela, o menino conseguiu se lembrar do momento em que entrou do ônibus e que que foi intimidado por torcedores do time esmeraldino.

"Ele falou que lembra de ter entrado no ônibus, um torcedor perguntou se ele torcia para o Vila [Nova] e ele respondeu que não, que ele era Goiás. Ele entrou, segurou na barra de ferro dentro do ônibus e ficou parado. Depois disso, ele só lembra de ter acordado dentro da ambulância”, disse.

Ainda segundo os familiares, a vítima relatou que em momento algum se sentiu com medo ao entrar no transporte coletivo e ver os torcedores do Goiás no veículo. Ele também garante que não pulou do ônibus em movimento, o que reforça o relato de testemunhas, que viram o adolescente ser arremessado para fora do veículo pelos agressores.

“Ele falou: ‘Mamãe, eu acho que eu sou inteligente. Eu acho que ninguém pularia de um ônibus em movimento. E não tinha porque ficar com medo, porque eu já andei em ônibus com a Força’”, contou.





Fonte: Do G1

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