Arenápolis News - www.arenapolisnews.com.br
Nacional
Quinta - 30 de Outubro de 2014 às 15:24
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

    Imprimir


Delegados falaram sobre a Operação Malavita em entrevista coletiva (Foto: Fernanda Borges/G1)

Delegados falaram sobre a Operação Malavita em
entrevista coletiva (Foto: Fernanda Borges/G1)

Os policiais presos na Operação Malavita, deflagrada pelas polícias Civil e Militar para combater uma organização criminosa que agia em Anápolis, a 55 km de Goiânia, fizeram pelo menos 54 vítimas, sendo que a maioria foi assassinada, de acordo com as investigações. O delegado Alexandre Lourenço, titular da Delegacia Estadual de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), explicou que o número de mortes ainda não pode ser precisado. “Alguns seguem desaparecidos. Então, é prematuro destacar os homicídios. Mas o número de vítimas pode aumentar”, disse nesta quinta-feira (30), em entrevista coletiva.

Segundo Lourenço, as investigações apuram crimes cometidos nos últimos três anos e resultaram até o momento na prisão de 18 policiais, entre militares e civis, na quarta-feira (29). Outros três seguem foragidos, sendo um militar, um civil e um cidadão comum. “São 36 inquéritos que culminaram na operação. Eles apuram crimes como extorsão, sequestro, homicídios, tortura, abuso de autoridades, entre outros. Todos eles foram cometidos com o objetivo de controle do tráfico de drogas em uma determinada área de Anápolis”, explicou.

Entre as vítimas atribuídas ao grupo está um menor, desaparecido desde o 17 de junho do ano passado, após ser abordado por policiais em um posto de combustíveis de Anápolis. Mesmo sem a localização do corpo, as investigações apontam para o homicídio.

“Não temos dúvidas sobre a morte desse rapaz. Além disso, outras duas vítimas tiveram ligação com esse caso, sendo que uma delas era testemunha do dia em que o menor foi capturado, que foi morta como queima de arquivo, e outra o pai do garoto, que sabia que o filho estava sob o poder de policiais e foi morto ao questioná-los”, explicou o delegado-adjunto da Draco, Adriano Costa.

Prisões
Dos 21 mandados de prisão temporária expedidos, 18 foram cumpridos ainda na quarta-feira, sendo 11 contra policiais militares, 4 contra policiais civis e 3 relacionados a outros suspeitos nas cidades de Anápolis, Alvorada do Norte, Luziânia e Posse. Outras três pessoas envolvidas no esquema seguem foragidas. Além das prisões, foram cumpridos dois mandados de condução coercitiva contra policiais militares.

Policiais civis e militares foram presos suspeitos de série de crimes, em Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Policiais civis e militares foram presos suspeitos de série de crimes (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Segundo a polícia, dos detidos, alguns ficarão presos por 30 dias em presídios militares e outros apenas por cinco dias. No entanto, o delegado não precisou o número exato de cada caso. Além disso, dois dos envolvidos foram ouvidos e liberados, mas são monitorados por meio de tornozeleiras eletrônicas.

Questionado sobre a participação de policiais que ocupam cargos de comando nas corporações, Lourenço disse que ainda não pode destacar as patentes. “Existem alguns núcleos atuando. A gente percebeu o nível de ascendência de alguns elementos que desenhavam a ação do grupo, mas a gente ainda não pode dizer ainda quem comandava e quem executava. A investigação continua e isso será destacado futuramente”, afirmou.

O delegado explica que alguns dos policiais suspeitos chegaram a ser transferidos de Anápolis para outras cidades, mas voltavam ao local para cometer os crimes. “Eles estavam se apropriando da área para a administração do tráfico e, nesse contexto, decorreram todos os crimes. Chegamos até as suspeitas em função do modus operandi que eles usavam, que se assemelhava muito às das forças policiais”.

Prisões foram realizadas em Anápolis, Posse, Luziânia e Alvorada do Norte, em Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Operação Malavita prendeu 18 policiais em Goiás
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Operação Malavita
A Operação Malavita foi deflagrada na madrugada de quarta-feira (29). Além das polícias Civil e Militar, que somaram cerca de 200 agentes, participaram ainda policiais da Força Nacional e representantes do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO).

No mesmo dia em que os mandados começaram a ser cumpridos, o delegado geral da Polícia Civil de Goiás, João Carlos Gorski, explicou que a suspeita do envolvimento de policiais começou após a análise de crimes ocorridos em Anápolis. “A partir dos crimes investigados, começaram a surgir indícios da participação de agentes públicos nesses atos”, disse, ressaltando que os policiais detidos não comandavam o tráfico de drogas, mas eram aliciados pelos líderes.

O promotor Mário Henrique Cardoso Caixeta, do Controle Externo da Atividade Policial do MP-GO, diz que a gravidade dos crimes impressiona. “São fatos gravíssimos, na verdade os piores que já me deparei. Para nós que atuamos sempre ao lado das polícias, ficamos desconfortáveis em investigar pessoas que são incumbidas de zelar pela ordem pública”.

Segundo ele, o MP-GO continuará a apoiar a Draco no decorrer das investigações. “Vamos dar apoio na postulação junto à Justiça de novas medidas, como pedidos de prisão, e no acompanhamento de oitivas e interrogatório. Depois, faremos a formulação da denúncia e, caso necessário, os pedidos de novas diligências”.

Para Caixeta, não restam dúvidas sobre o envolvimento do grupo com atos ilícitos. “Estamos diante de uma organização criminosa. No entanto, só após a conclusão dos trabalhos poderemos afirmar de fato sobre os crimes pelos quais eles devem ser responsabilizados”, ressaltou o promotor.





Fonte: Do G1

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.arenapolisnews.com.br/noticia/98041/visualizar/