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Nacional
Sábado - 18 de Abril de 2015 às 11:55
Por: *JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS

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Após uma semana da cirurgia em que Sofia Gonçalves de Lacerda, de um ano e três meses, foi submetida para a troca de cinco órgãos, a mãe da menina, Patrícia de Lacerda, contou aoG1 nesta sexta-feira (17) que a menina já está aprendendo a fazer coisas comuns do dia a dia de muitas crianças, que antes era incapaz por causa da síndrome de Berdon - que afetou todo o seu sistema digestivo. O bebê agora aprende, por exemplo, a comer e até mesmo arrotar. "Às vezes ela chora por estar sentindo coisas novas no seu organismo. Isso é causado pelos alimentos, coisa que ela não conhecia. Ela sente que algo está acontecendo na barriguinha dela e fica com medo", comenta a mãe, que gravou um vídeo especialmente para o G1 mostrando a recuperação da menina (veja o vídeo acima).

Sofia se recupera da cirurgia nos EUA (Foto: Campanha Ajude a Sofia/Divulgação)Sofia se recupera da cirurgia nos EUA
(Foto: Campanha Ajude a Sofia/Divulgação)

Sofia nasceu com Síndrome de Berdon, uma doença rara que causa a má formação de vários órgãos do sistema digestivo. Ela sequer conheceu a casa dos pais, em Votorantim(SP), já que sempre ficou hospitalizada. A menina chegou a ser submetida a três procedimentos cirúrgicos no Brasil, mas ainda necessitava de atendimento especializado para a síndrome rara e para o transplante multivisceral, que não poderia ser realizado no país. A transferência para os EUA só aconteceu por determinação da Justiça, que ordenou que a cirurgia, estimada em R$ 2 milhões, fosse paga pelo governo brasileiro. No transplante Sofia recebeu estômago, fígado, pâncreas, intestino delgado e cólon. Não foi preciso trocar um dos rins, como foi anunciado pelos especialistas do hospital. Os orgãos foram doados de um bebê do estado da Flórida, segundo a mãe.

A menina começou a receber as primeiras alimentações da vida por meio de soluções administradas diretamente em sua barriga, cinco dias após a cirurgia. Antes, Sofia se alimentava por uma nutrição que era introduzida no organismo em uma veia localizada próximo ao coração. "Era um tipo de soro com todos os nutrientes que o organismo dela precisava, chamada de parenteral", lembra a mãe.

Com a troca dos cinco órgãos do sistema digestivo, a bebê ganhou a oportunidade de ter uma vida 'normal' e, assim, se alimentar como qualquer criança da sua idade. Mas, enquanto o organismo ainda está se familiarizando com os novos órgãos, ela tem se alimentado com um produto especial. "É como se fosse um leitinho, que está sendo introduzido através de uma sonda para ela", explica a mãe.

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Novas sensações
Por conta da digestão do alimento, Sofia tem experimentado novas sensações e chega a se assustar com um simples arroto. "Toda vez que ela arrota, acaba gritando. Penso eu que por achar que vai doer, já que ela nunca tinha feito isso antes. Ela me olha como se quisesse me perguntar 'o que está acontecendo? Eu nunca senti isso antes'", acredita a mãe.

Como a menina não está mais sendo sedada, ela anda sentindo algumas dores, que, segundo Patricia, são normais por conta do procedimento cirúrgico que ela foi submetida. "Ela está meio tristinha, pois toda sedação foi embora. Ela acaba ficando mais tempo dormindo, mas quando acorda sempre se demonstra bem, apesar de tudo", afirma a mãe.

A expectativa é que nos próximos dias Sofia seja transferida e deixe a UTI Neonatal, indo para um quarto normal no hospital Jackson Memoral, onde ela foi operada, em Miami, nos Estados Unidos. Mas antes disso, os médicos responsáveis pela recuperação da menina, o cirurgião especializado em transplantes Rodrigo Vianna e a pediatra Jennifer Garcia, querem deixar Sofia mais forte e não tão exposta a possíveis infecções neste processo pós-operatório, que é importante para o sucesso do transplante dos órgãos. "Mas, graças a Deus, ela está bem e logo logo vou poder vê-la comer pela 'boquinha'", finaliza a mãe.

"Cirurgia no momento certo"
De acordo com o médico responsável pela cirurgia, Rodrigo Vianna, a cirurgia de Sofia foi feita no momento certo, já que ela estava com um quadro avançado de cirrose, uma falência do fígado. "Por conta do problema no órgão, ela tinha pouca coagulação no sangue e muita aderência entre os órgãos. A doença poderia complicar muito mais o seu estado nos próximos meses, mas tudo colaborou para que a sofia conseguisse viver. Eu a considero uma menina abençoada. É uma história muito bonita dela e da família. Me sinto previlegiado por ter ajudado nisso." (Confira entrevista com o médico ao lado).

O especialista afirma ainda que a expectativa de pacientes que passam pela cirurgia após um ano é de mais de 80%. Depois de cinco anos, esse número baixa para 80%. "Após isso, o quadro fica muito estável, mas temos pacientes que passaram por esse tipo de transplante e hoje estão com 20 anos de idade. O futuro deles é imprevisível, mas a chance de viver já os tornam vencedores", explica.

Sofia passou pelo transplante de cinco órgões  (Foto: Reprodução/TV Globo)Sofia passou pelo transplante de cinco órgões (Foto: Reprodução/TV Globo)

Recuperação otimista
Após passar por uma cirurgia que durou aproximadamente 10 horas e transplantou cinco órgãos na semana passada, a menina Sofia Gonçalves de Lacerda se recupera bem, de acordo com a mãe. Ela postou em uma rede social um vídeo do pós-operatório do bebê de um ano e três meses na segunda-feira (13), na UTI do Miami Transplant Institute, nos Estados Unidos. Nas imagens, Sofia está acordada e brinca com a mãe (veja ao lado).

"Nossa bonequinha segue se recuperando bem, conforme o esperado. Não está mais sedada e está acordada. Já dançou, ficou de pernas para o ar e agora está assistindo seus desenhos animados. Conseguimos chegar onde parecia impossível. Seremos eternamente gratos a família do anjinho doador, que para sempre estará nas nossas orações", diz a mãe em postagem na internet.

Sofia nasceu em Campinas (SP) com a Síndrome de Berdon, uma doença rara que causa a má formação de vários órgãos do sistema digestivo. Ela sequer conheceu a casa dos pais, em Votorantim (SP), já que sempre ficou hospitalizada. A menina chegou a ser submetida a três procedimentos cirúrgicos no Brasil, mas ainda necessitava de atendimento especializado para a síndrome rara e para o transplante multivisceral, que não poderia ser realizado no país. A transferência da menina para os EUA só aconteceu por determinação da Justiça, que ordenou que a cirurgia, estimada em R$ 2 milhões, fosse paga pelo governo brasileiro.

Menina já brinca após cirurgia complicada (Foto: Campanha Ajude a Sofia/Divulgação)Menina já brinca após cirurgia complicada
(Foto: Campanha Ajude a Sofia/Divulgação)

Em outra postagem na página que a mãe tem em uma rede social, ela disse que a menina está se recuperando bem, apesar de ainda necessitar de cuidados intensos. "Ainda temos muito que enfrentar, é uma montanha russa de sentimentos, mas sempre confiei em Deus e sei que logo tudo estará bem. Logo veremos nossa bonequinha brincando, comendo e livre", afirmou.

O transplante de Sofia teve também a participação de outro brasileiro: o médico Thiago Beduschi, que fez a captação dos órgãos do bebê doador. A participação de dois brasileiros na luta pela vida da menina é motivo de orgulho para Vianna. “No meio de tanta notícia ruim, pelo menos a Sofia leva um pouco de esperança de que podemos fazer o que é certo para o nosso povo. Ver a luta da família e o carinho da nossa gente tem sido uma sensação muito gratificante. O futuro é imprevisível, mas pelo menos existe a chance de recomeçar a vida. E isto não tem preço”, finaliza.

Sofia deixou o centro cirúrgico  (Foto: Campanha Ajude a Sofia/Divulgação)Pais de Sofia comemoram fim da cirurgia feita pelos médicos brasileiros Thiago Beduschi (à esq.) e Rodrigo Vianna, em Miami (Foto: Campanha Ajude a Sofia/Divulgação)





Fonte: Do G1

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